quinta-feira, 11 de novembro de 2010

http://www.efdeportes.com/efd99/esclero.htm

Capacidade aeróbia

Devido a fatores como a fadiga, fraqueza muscular, espasticidade e equilíbrio, nota-se o comprometimento da execução da marcha e conseqüente aumento do risco de quedas em pessoas com EM (THOUMIE e MEVELLEC, 2002; CATTANEO et al, 2002). Desse modo, as pesquisas com exercícios aeróbios desenvolveram-se principalmente através do uso de ciclo ergômetros, pois permitem adequada acomodação e reduzem o risco de lesão proveniente de quedas (MULCARE, 1997).

Quando comparados a pessoas saudáveis, indivíduos com EM apresentam déficits na capacidade aeróbia, expressos pelo VO2. Não obstante, ganhos de condicionamento são verificados, sem que haja indícios de maiores riscos de surto da doença em decorrência do treinamento aeróbio. É relevante destacar que, apesar das demandas fisiológicas serem adequadas ao exercício, a presença de fatores como fraqueza muscular, espasticidade e fadiga aparecem relacionados a tolerância destas pessoas ao exercício. Sutherland e Andersen (2001) destacam ainda, a associação de déficits na função dos músculos respiratórios com reduções na capacidade cardiorespiratória dessas pessoas.

O impacto do treinamento aeróbio no condicionamento físico e na qualidade de vida de pessoas com EM foi estudado por Petajan et al (1996). Nessa pesquisa 21 sujeitos (EDSS = 6) completaram um programa de exercícios por 15 semanas com 3 sessões semanais. Cada sessão de treino consistia de 5 minutos de aquecimento a 30% VO2máx, 30 minutos a 60% do VO2max, seguidos de 5 minutos de resfriamento e alongamento para os membros inferiores e para as costas. Os exercícios foram realizados em ergômetro de braços e pernas. Nesse estudo foi observado aumento de 22% no VO2, diminuição de gordura corporal e níveis de triglicérides, além de mudanças favoráveis na força máxima isométrica de todos os grupos musculares. O treinamento também resultou em um profundo impacto na qualidade de vida, com reduções na depressão, fadiga e melhora na mobilidade e cuidados corporais. O autor sugere que indivíduos com EM podem obter benefícios com a prática de exercícios aeróbios, similares àqueles alcançados por pessoas sem doença.

Outros dois estudos apontam o impacto da prática de exercícios em cicloergômetro em pessoas com EM. A pesquisa de Rodgers et al (1999) contou com a participação de 18 pessoas com EM (EDSS: 1-6,5), durante 6 meses. Os resultados apontaram ganhos médios de 15% no VO2. Entretanto, os autores revelam que não houve melhora clínica significativa na marcha e propõem que diferentes tipos de treinamento talvez proporcionem maiores benefícios funcionais. Mostert e Kesselring (2002), por sua vez, submeteram 26 participantes a 4 semanas de treinamento e, apesar do curto período do programa e da baixa taxa de adesão as sessões (65%), encontraram alterações positivas de 13% no VO2, melhora na percepção de saúde, aumento nos níveis de atividade física e uma tendência a redução da fadiga.

Em síntese, como resultado da doença e do sedentarismo, encontramos déficits nas capacidades motoras de pessoas com EM. Ao compará-las com pessoas saudáveis, verificamos que há redução no desempenho da força muscular e na capacidade aeróbia. Na última década, uma série de pesquisas apresentou os benefícios de programas com exercícios físicos para esta população. A ausência de exacerbação dos sintomas da doença e modificações favoráveis da capacidade funcional, em fatores psicosociais e na qualidade de vida dos participantes, destacam o potencial terapêutico de exercícios aquáticos, de fortalecimento muscular e aeróbicos. O impacto destas atividades no curso da doença permanece incerto, sendo necessários novos estudos que monitorem modificações no curso da doença ao longo do tempo.

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